O grupo extremista islâmico nigeriano Boko Haram assumiu o atentado suicida com um carro bomba contra o prédio da ONU na capital da Nigéria, Abuja, que deixou pelo menos 18 mortos e feriu dezenas de pessoas nesta sexta-feira (26).
Um porta-voz do grupo ligou para o escritório da BBC na Nigéria para assumir a autoria. Um funcionário da ONU havia dito à BBC, sob condição de anonimato, que a entidade recebeu informações no mês passado de que poderia ser alvo do grupo islâmico Boko Haram.
O funcionário disse ainda que a segurança foi reforçada em todas as instalações da ONU na Nigéria após o recebimento da informação. Em junho, o Boko Haram detonou um carro-bomba no quartel-general da polícia em Abuja. O grupo quer o estabelecimento da sharia (lei islâmica) na Nigéria. O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, classificou o ocorrido como 'um ataque
contra os que devotam suas vidas a ajudar outros' e afirmou estar enviando dois auxiliares para a Nigéria.
O prédio abriga 26 agências humanitárias e de desenvolvimento, além de ser local de trabalho para cerca de 400 empregados da ONU. Não está claro quantas pessoas estavam dentro de suas dependências no momento da explosão. A área ao redor do prédio foi isolada. Serviços de emergência iniciaram a retirada dos corpos do prédio, enquanto um grande número de feridos era levado ao hospital. Escavadoras também foram deslocadas para o local para retirar a grande quantidade de destroços.
O ataque desta sexta-feira ocorreu por volta das 11h (horário local). Houve uma forte explosão, e era possível ver uma coluna de fumaça que saía do prédio. 'Vi corpos espalhados', disse Michael Ofilaje, funcionário do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef). 'Muitas pessoas morreram'. Ofilaje acrescentou que a explosão 'ocorreu no porão e sacudiu o prédio'.
A ministra nigeriana das Relações Exteriores, Viola Onwuliri, disse à BBC, após visitar o local atingido, que 'não foi um ataque contra a Nigéria, mas contra a comunidade global'. No início do mês, o militar americano de mais alta patente em atuação na África, o general Carter Ham, disse que muitas fontes indicam que há cooperação entre o Boko Haram e a Al-Qaeda no norte da África.
Se a informação for conformada, a união daria ao grupo nigeriano os meios para a realização de duros ataques, segundo o analista da BBC para a África Martin Num primeiro momento precisamos compreender o contexto do país e porque esse grupo quer o estabelecimento da sharia, a lei do Islã. A Nigéria é um dos países mais populosos da África e vive em um contexto religioso conflituoso onde 50% da população são muçulmanos, 40% cristãos e 10% crenças indígenas e por um tempo conseguiram coexistir em paz, com algumas tensões e pequenos conflitos, mas com o passar do tempo as duas religiões com maiores adeptos passaram a travar uma guerra violenta. Essa vontade de estabelecer a sharia não é algo recente, pois já havia regiões que eram adeptas a essa lei do islã, especificamente 12 de 36 regiões da Nigéria, o problema é que os cristãos passaram a se sentir ameaçados por serem minoria e pelo crescente ataque a cristãos praticados por muçulmanos que tentam forçar a emigração desses cristãos do centro da Nigéria onde existe uma maior diversidade religiosa e esses conflitos apenas crescem com o passar do tempo havendo ataques de mulçumanos contra cristãos e vise-versa. Com esse ataque o grupo islâmico Boko Haram reafirma a vontade de impor a sharia por toda a Nigéria fazendo assim com que a mesma valha como uma legislação suprema acima de qualquer lei do país.
Esse ataque foi duramente criticado já que não se pode esquecer que a Nigéria vive uma democracia onde não pode existir a imposição de uma legislação suprema e uma legislação que contraria princípios de uma grande parte da população e de “todo” o cenário internacional, violando leis dos direitos humanos, essas religiões devem coexistir em paz, sem ferir seus direitos e suas crenças havendo assim um respeito mutuo. Vale também lembrar que medidas devem ser tomadas não só internamente, mas também medidas externas para que eventos assim não voltem a ocorrer e que a democracia seja concretizada, seja maior que princípios religiosos e como foi dito na reportagem esse ataque foi descrito como um ataque as Nações Unidas e não só ao povo nigeriano.
0 comentários
Postar um comentário
Deixe aqui a seu comentário.