É
perceptível que a retórica norte-coreana tem endurecido desde as últimas
sanções aplicadas pela ONU por causa do terceiro teste nuclear feito pela
Coreia do Norte. Segundo o vice-porta-voz do presidente americano, Josh
Eastern, a tendência da retórica de Kim Jong Um é apenas piorar, e isso aumentará
o isolamento da Coreia do Norte.
Após
mais treinamentos militares conjuntos dos EUA e da Coreia do Sul, em que os EUA
mandaram aviões B-2, B-52 (bombardeiros, sendo o último com capacidade nuclear)
e F-22 (aviões de combate furtivo), Kim Jong Un convocou uma reunião de
emergência de madrugada, e diz que irão “acertar as contas com os EUA não com
palavras, e sim com armas” (Rodong Sinmun). Depois da reunião ficou a ordem de
que as baterias de mísseis ficassem em posição de ataque, mirando as bases
militares nos Estados Unidos, nas ilhas de Guam, Havaí e na Coreia do Sul. A
Coreia do Norte divulgou que reagirá à chantagem norte americana de ataque
nuclear e atacará os EUA sem piedade.
Além
disso, também foi anunciado pela Coreia do Norte que a mesma está agora em
“estado de guerra” com a Coreia do Sul, e todas as futuras situações serão
abordadas de acordo com esse status. A China pede calma, pois pretende evitar
grandes conflitos armados, e a Rússia chama a atenção das duas Coreias e dos
Estados Unidos à “responsabilidade e à máxima contenção”. Apesar das ameaças,
Seul anuncia novos exercícios militares com os Estados Unidos até o dia 30/04,
e afirma que manterá máxima atenção quanto a atitudes suspeitas da vizinha do
norte. A Coreia do Sul também promete respostas fortes inicialmente contra
atitudes que venham a apresentar risco por parte da Coreia do Norte, e diz
também que não levará em conta nenhuma consideração política em seus
contra-ataques.
Em
seus pronunciamentos Kim Jong Um afirma que a posse de armas nucleares deveria
ser oficializada como lei e que o arsenal norte coreano será aumentado
qualitativa e quantitativamente, e esse aumento foi aprovado pelo Parlamento do
partido único do governo da Coreia do Norte. Esse aumento será feito a partir
da reabertura da estação nuclear de Yongbyon, que está fechada desde 2007
quando a Coreia do Norte negociou com os Estados Unidos ceder parte do programa
nuclear em troca de alimentos. A estação deverá ser usada para a produção de
plutônio, que pode ser matéria para bombas nucleares de maior potencial que as
bombas de urânio, que a Coreia do Norte já possui. “O programa nuclear é a vida
da população, e não será vendido nem por bilhões de dólares”, KCNA (Korean
Central News Agency).
No
último dia 26, a Coreia do Norte cortou a Linha Vermelha, a rota de comunicação
militar que gerenciava o acesso de trabalhadores ao complexo industrial de
Kaesong foi cortada, porém o fluxo de trabalhadores sul coreanos continuou
normal. Entretanto, hoje pela manhã a Coreia do Norte impediu a passagem de
trabalhadores a Kaesong e apenas permitiu a volta dos mais de 800 trabalhadores
que lá estavam. O fluxo de comida para os trabalhadores e matéria prima também
foi cortado. A China lamenta a atitude norte coreana, e provavelmente não se
aliará à Coreia do Norte em caso de guerra.
Hariadna Araujo de Paiva, aluna do 1º
semestre de Relações Internacionais Ri-UCB
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