O Mercosul ganhará maior peso econômico com a integração da Venezuela, mas a forma como o país entra para o bloco e o discurso político do presidente Hugo Chávez podem gerar imprevistos para esta união, segundo analistas políticos e econômicos.
De acordo a avaliação dos ministros das Relações Exteriores do Mercosul, segundo informações do Itamaraty, o bloco "passará a ser ator importante em dois temas fundamentais para o futuro global: segurança energética e alimentar".
"Em tese é sempre bom integrar economicamente, mas desde que sejam obedecidos os acordos assinados e que não surjam questões comerciais como as (barreiras comerciais) argentinas", disse à BBC Brasil o professor de relações internacionais da Unesp (Universidade Estadual Paulista), Clodoaldo Bueno.Com a Venezuela, o Mercosul contará com uma população de 270 milhões de habitantes, Produto Interno Bruto (PIB) de US$ 3,3 trilhões e mais de 70% do território da América do Sul. O bloco passará a se estender do Caribe ao extremo sul do continente.
Com a Venezuela o Mercosul terá "maior dimensão econômica e comercial", ampliando sua agenda de produtor de alimentos e de insumos ao incluir um dos maiores produtores de petróleo do mundo, de acordo com a consultoria econômica Abeceb, dirigido pelo economista Dante Sica, ex-secretário de Indústria e de Comércio da Argentina e especializada em questões comerciais e de integração,.
"Mas é preciso considerar também que a incorporação da Venezuela pode dificultar ainda mais as negociações comerciais de relevância, como Mercosul e União Europeia”, afirmou o estudo da consultoria argentina. De acordo com a Abeceb, o quinto integrante do Mercosul poderia tornar ainda "mais lenta" esta integração que já tem "dificuldades de consenso" para tomar algumas decisões.
"Pode sair caro incluir um país que tem mostrado uma relação conflituosa com a comunidade internacional", afirma o documento da consultoria privada. O desafio do Mercosul seria "absorver" estas diferenças.
Por: Juliana Araújo
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