O Quênia
possui a maior economia da África Oriental e, no dia 4 de março, mais de 14
milhões de pessoas foram às urnas para eleger deputados, senadores,
governadores regionais, membros das assembleias departamentais, representantes
femininas para o Parlamento nacional e, principalmente, o seu próximo
presidente. São as primeiras eleições desde a aprovação de uma nova
Constituição em 2010. Eram esperadas eleições pacíficas ao contrário das
violentas que ocorreram em 2007, deixando mais de 1300 mortos. Tom Maliti,
analista político, ressalta a importância dessas eleições para o cenário
internacional e afirma que “O Quênia é uma plataforma econômica e diplomática na região e a
estabilidade é essencial para que os países terceiros possam aprofundar as suas
relações com o país”.
Os dois
principais candidatos são representantes de duas tribos que lutam pela direção do país
africano. Estes são: Raila
Odinga e Uhuru Kenyatta, sendo que este último é acusado pelo Tribunal Penal
Internacional (ICC) por crimes contra a humanidade nas eleições de 2007.
As
eleições foram marcadas por um forte clima de tensão e consequente violência,
ainda que em escala menor do que em 2007. Cerca de 15 pessoas morreram em
ataques pouco antes da abertura das urnas.
Uhuru
Kenyatta acabou vencendo as eleições presidenciais com 50,07% dos votos. O
resultado foi julgado pelo seu rival, Raila Odinga, como repleto de fraudes,
chegando a afirmar que foi uma “eleição viciada”. Já foi apresentada uma
petição referente à suposta contagem incorreta dos votos. A Coligação política do Quênia
para a Reforma e Democracia quer a declaração de invalidade das eleições pelo
Supremo Tribunal.
A
população chegou a alegar que Odinga devia apenas aceitar a derrota para evitar
uma nova onda de violência no país. Ressaltam também que ele deveria apenas
buscar a ajudar a nação, independente de quem está no poder.
Países
ocidentais que fazem doações ao Quênia afirmaram que a vitória de Kennyatta
traria problemas em relação aos laços diplomáticos com o país devido às
acusações que o novo presidente tem perante o Tribunal Penal Internacional
(ICC), onde Kennyatta tem um julgamento marcado para meados de abril. O Quênia
é um aliado forte na batalha contra militantes islâmicos, por exemplo. Porém,
Kenyatta declarou em seu discurso presidencial aceita as obrigações
internacionais e que continuaria a cooperar com todas as nações e instituições
internacionais, mas que, sobretudo, esperava que a soberania do Quênia fosse
respeitada pela comunidade internacional.
Analistas
internacionais e ONG’s temem uma nova onda de violência e, agora, espera-se um
desfecho para este episódio.
Matheus Fontenelle, aluno do 2º semestre
de Relações Internacionais/Ri-UCB
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