O argentino Jorge
Mario Bergoglio foi eleito no último dia 13 de março o 266º Papa da Igreja
Católica. Em menos de uma semana o novo Papa já destaca-se entre seus
predecessores. É o primeiro Papa sul-americano e o primeiro jesuíta a assumir a
posição de Santo Padre dentro da Igreja Católica, além disso, a escolha
inusitada de seu nome, Francisco I, em honra a São Francisco de Assis,
conhecido como o protetor dos pobres, revela seu interesse em uma “Igreja pobre
e para os pobres ", porém, há críticas em relação a sua postura
conservadora e suposta compactuação com a ditadura argentina nos anos 70 e 80.
Biografia
Nascido em 17 de
dezembro de 1936 em Buenos Aires, Argentina, c é um dos cinco filhos dos
italianos Mario e Regina. Em sua juventude sofreu de pneumonia e teve uma parte
de seu pulmão removida.
Bergoglio é
graduado em Filosofia e Teologia, lecionou Literatura e Psicologia e fala além
do espanhol, italiano, francês, inglês, alemão e português.O argentino entrou
na Companhia de Jesus em 1958 e foi ordenado padre em 1969 pelo Arcebispo Ramón
José Castellano. Em 1992 foi nomeado bispo auxiliar de Buenos Aires pelo Papa
João Paulo II, em 1997 foi nomeado Arcebispo coadjutor e em 1998 Arcebispo
metropolitano de Buenos Aires. Enquanto Arcebispo de Buenos Aires, Bergoglio
construiu novas paróquias, reestruturou a arquidiocese administrativamente e
criou uma comissão de divórcios.Em 2001 Bergoglio foi nomeado Cardeal São
Roberto Bellarmino e passou a ser reconhecido por sua humildade,
conservadorismo em relação ao casamento homossexual e ao uso de métodos
contraveptivos e preocupação com a justiça social. Cardeal Bergoglio
participou do Conclave de 2005, após a morte de João Paulo II, e foi um dos
cardeais mais votados.Em 2005, Bergoglio foi denunciado por suposto
envolvimento com o sequestro dos padres jesuítas Orlando Virgilio Yorio e
Francisco Jalics em 1976, durante a ditadura argentina. A denúncia foi baseada
em artigos jornalísticos e nos livros " Igreja e Ditadura " de Emilio
Mignone e " El Silencio " de Horacio Verbitsky, membro do grupo
terrorista Montoneros, que no capítulo "As Duas Faces do Cardeal "
explora o papel de agente duplo desempenhado por Bergoglio para a ditadura
argentina. Por outro lado, em sua biografia autorizada, Sergio Rubin relatou
que o Cardeal intercedeu pessoalmente junto ao ditador Jorge Rafael Videla pela
libertação dos padres sequestrados. A justiça argentina não conseguiu provar
nada em relação a essas acusações.
O então nomeado Papa Francisco
terá de lidar com vários problemas que a Igreja já vem enfrentando nos últimos
anos, tem-se alguns exemplos abaixo:
Gerenciar o Vaticano
O recente
vazamento de documentos do Vaticano, pelo mordomo do Papa Emérito Bento XVII (Paolo Gabriele), mostrou que a Cúria - o
governo central da igreja - é uma instituição que tem problemas graves, sendo
assim serão necessários sistemas
concretos de supervisão para garantir que episódios de corrupção sejam
detectados rapidamente e punidos e para dar assim transparência às transações
financeiras do Vaticano.
Leis igualitárias
Leis de casamento homossexual estão em pauta em alguns
países como na França e na Inglaterra, agências católicas de adoção foram
fechadas na Inglaterra; nos EUA, estão em progresso batalhas na justiça entre
instituições católicas e Estadas, por conta de igualdade sexual. Tudo isso
afeta profundamente a igreja no Ocidente, causando assim uma possível marginalização entre católicos e na presença da igreja
na vida pública.
Casos de abuso
sexual
Bento
XVI comentou sobre os episódios ocorridos e sobre a vergonha da igreja por
conta dos "crimes inenarráveis" cometidos por padres e sacerdotes
pedófilos e pediu desculpas às vítimas que conheceu durante suas viagens.
Francisco terá
como dever dar sequência à punição dos criminosos e ter a garantia de que as
mudanças introduzidas por Bento XVI sejam concretizadas – principalmente as
orientações de proteção à infância, que devem ser cumpridas pelos bispos
católicos.
O papel das mulheres
Bento XVI admitiu o longo processo da igreja em promover mulheres
dentro da instituição católica, principalmente nos cargos administrativos,
porém, ele não aceitou a ordenação de mulheres e fez, em 2012, um duro discurso
criticando a "desobediência" de reformistas.
É muito aceita a ideia de que é necessária uma reforma cultural dentro
do Vaticano, e espera-se que Francisco dê às mulheres cargos
gerenciais na Cúria.
Tensões interreligiosas
A proteção a cristãos perseguidos no mundo inteiro,
principalmente em áreas como o Oriente Médio, a Ásia e a África, deve ser um
grande tema de preocupação para o pontífice.
Em geral, as relações com anglicanos e judeus parecem estar apaziguadas.
Mas Francisco terá que ter atenção ao oferecer a mão
ao mundo muçulmano, sob o perigo de alienar judeus e parecer complacente com o
fanatismo islâmico.
Congregações
menores e menos padres
Há
1,2 bilhão de seguidores católicos ao redor do mundo, uma grande parcela deles
(42%) na América Latina. A Europa, berço histórico do catolicismo, é atualmente
casa de um quarto dos católicos, porém, Bento XVI pareceu não se importar com o
decréscimo, focando em uma igreja menor, entretanto mais fiel.
Para o atual
papa Francisco, será de extrema importância conciliar essa mudança de
posicionamento da igreja dentro da sociedade. Na proporção que a igreja se
distancia das instituições oficiais, ela terá que dar suporte aos seus
seguidores.
José Fernando Dantas e Natália Evangelista, alunos do 1º semestre
de Relações Internacionais/Ri-UCB
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