Enquanto o corpo do presidente venezuelano, Hugo Chávez,
repousar em um caixão de cristal em seu costumeiro uniforme militar e boina
vermelha, uma espécie de ''bandeira branca'' paira sobre um dos ambientes políticos
mais polarizados do hemisfério.
Enganam-se, entretanto, quem imaginar que a política
permanece suspensa na Venezuela enquanto os simpatizantes de Hugo Chávez
lamentam a perda do seu líder.Políticas, tanto quanto humanas, são as filas
quilométricas que venezuelanos de todas as partes do país enfrentam por 6, 8,
10 horas sob sol a pino pelo privilégio de ver, por meros segundos, o rosto de
Chávez ao vivo pela última vez.
E após o anúncio de que o corpo do bolivariano será
embalsamado e permanecerá em exibição por pelo menos mais cinco dias, político
é também o despontar do ''mito'' Chávez, cujo legado político no curto prazo
será dificultar a vida de uma oposição que tentará sua sorte mais uma vez nas
eleições que se avizinham.
Os oposicionistas já enfrentavam a questão abstrata de
como lutar contra o último pedido aos eleitores feito pelo ''mito'' em vida: o
de que o substituíssem pelo atual presidente interino, Nicolás Maduro.
Agora,
há a questão mais mundana de como acionar o modo de campanha tendo como
principal plataforma a crítica a um morto que nem sequer foi enterrado ainda.
O
futuro político da Venezuela sem Cháves ainda é um mistério, após ter sido
indicado pelo presidente como seu próprio sucessor Nicolás Maduro assumiu a
presidência interina do país depois da morte de Cháves, isso foi feito com base
numa determinação do Tribunal Supremo de Justiça, no qual não era necessária
uma nova posse de Chávez, porque o governo seguiria o princípio da continuidade
administrativa, dessa forma o presidente continuaria governando e iria prestar
juramento posteriormente, o que os chavistas interpretam como ato legal, é
visto como inconstitucional para muitos. Para alguns juristas venezuelanos o
correto seria que o presidente da assembléia nacional Diosdado Cabello
assumisse a presidência interina e Nicolás Maduro deixasse o cargo de
vice-presidente para concorrer nas eleições presidenciais, mas de acordo com
analistas políticos isso não ocorreu porque os chavistas não confiam no também
chavista Diosdado Cabello.
Artigo da Constituição
bolivariana da Venezuela que prevê esta situação:
“Artículo 229. No podrá
ser elegido Presidente o Presidenta de la República quien esté de ejercicio del
cargo de Vicepresidente Ejecutivo o Vicepresidenta Ejecutiva, Ministro o Ministra,
Gobernador o Gobernadora y Alcalde o Alcaldesa, en el día de su postulación o
en cualquier momento entre esta fecha y la de la elección.”
Novas
Perspectivas:
A
morte de Hugo Chávez pode abrir uma porta para as relações políticas entre EUA
e Venezuela, apesar do antiamericanismo de Chávez foi a exportação de petróleo
para o país americano que financiou o socialismo do século XXI na Venezuela. Os
EUA são os principais parceiros econômicos da Venezuela, só no ano de 2012 a
relação econômica entre estes países rendeu em exportações (via Venezuela-EUA)
mais de U$38,7 bi, mais da metade dessa quantidade só na exportação de
petróleo, já as importações (via EUA-Venezuela) renderam U$17bi, mas esses
valores têm sofrido decréscimo desde 2010 devido um desentendimento entre estes
países, e também pelo sucateado estado das petrolíferas bolivianas, mas é
esperado que estas relações se fortifiquem, visto que os dois países estão sem
embaixadores (americanos e bolivianos) em suas respectivas capitais desde que
Hugo Cháves expulsou o embaixador americano na capital Caracas em 2010.
Fonte: elpais.com, el-nacional.com
José Fernando Dantas, aluno do 1º semestre de Relações Internacionais/Ri-UCB
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